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O esforço da organização do Festival Super Rock Super Bock em melhorar as condições do recinto e respectivos acessos tinha hoje uma prova de fogo com a presença de uma banda de primeira divisão do rock mundial. Em relação a edições anteriores podemos afirmar que há melhorias à vista tanto no recinto com uma arrumação mais prática na zona em frente ao palco principal, como nos acessos bem concorridos mas sempre fluidos em termos de trânsito. Importantes melhorias que reconquistam a confiança do público que pondera ir ver a sua banda favorita a tão deslocado recinto.
Desde cedo que se notou que a última noite ia ser a mais concorrida, não só pelo número alto de T-shirts dos homens que encerravam o palco principal como também pela quantidade de grupos de amigos já sentados ao longo da encosta à espera de acção.
Ao fim de uns dias nesta vida de festivais há a tendência natural para nos desviarmos do óbvio enquanto tentamos apanhar um pouco de tudo o que se passa nos vários palcos e estarmos atentos ao ambiente de cada dia. O óbvio é que há bandas capazes de só por si garantirem o sucesso de uma noite de festival. Os Queens of the Stone Age são uma dessas raras bandas que , pela sua qualidade, conseguem arrastar multidões em busca do riff perfeito.
Já estávamos em pleno domingo quando Josh Homme abriu as hostilidades com um arranque que contemplou só «No One Knows» e «My God is The Sun» entre as três primeiras canções. Demolidor
Finalmente vimos a plateia do Meco realmente possuída pelo vírus diabólico do Rock, Josh Homme tinha aqueles milhares todos na mão e todos queriam lhe mostrar carinho e apreço. Uma ligação que resultou num concerto explosivo com a banda em palco a mostrar uma muito boa forma, mesmo que este fosse o último concerto da digressão. As saudades eram muitas de parte a parte, oito anos sem um concerto de Queens of The Stone Age em Portugal até devia ser proibido! O alinhamento foi muito forte e contemplou praticamente o melhor de cada disco não dando tréguas às incansáveis filas da frente onde , orgulhosamente, assistimos ao concerto.
Josh Homme lidera a sua banda com um carisma cada vez mais raro no rock, tem a pose certa, as falas enquadradas e respira rock por todos os poros e guitarra. Olha para a imensa e mexida plateia com ar satisfeito e parece genuinamente confortável com nova recepção entusiástica do público português.
Não há momentos menos bons no concerto, é tudo óptimo, as canções, as sequências, a entrega, o som e a energia trocada entre palco e plateia fazem deste concerto um dos melhores desta série Super Rock no Meco. Aquela recta final com «I Think I Lost My Headache», «The Lost Art of keeping a secret», «Feel Good Hit of the Summer», «Go With Flow» e «A Song For the Dead» com que se despediram, sem direito a encore, vai ficar na cabeça de muitos milhares de fãs durante muito tempo. O ideal seria trazer o grupo o mais rapidamente possível, não queremos pensar em nova espera de oito anos. De longe o melhor concerto do palco principal desta edição do Super Rock e um dos melhores de sempre ali realizados.
Perante tamanho acontecimento torna-se complicado destacar mais concertos desta última noite mas há notas dignas de registo.
Desde logo o surpreendente arranque do Palco EDP ao fim da tarde com os Tara Perdida que gozam de uma vitalidade comovente. Conseguiram a maior enchente destes três dias naquele espaço. Ouvimos o organizador do evento falar em pessoas nas árvores e neste concerto isso aconteceu!
Os também portugueses Miss Lava impuseram o seu rock pesado no palco principal e assumiram-me como fãs dos QOTSA enquanto aproveitavam para agarrar a oportunidade de alargar a base de fãs. Outra passagem positiva pelo Festival em português foi da responsabilidade dos Sam Alone and TheGrave Diggers na tenda do palco Antena 3@Meco.
Ninguém conseguiu perceber muito bem o que cá vieram fazer os norte irlandeses Ash, mortos e enterrados no séculos passado. O blues de Gary Clark Jr. merece uma nova oportunidade em espaço mais pequeno e em nome próprio, no Meco convenceu mas sofreu da ansiedade instalada em toda a plateia para o concerto seguinte.
No palco EDP os We Are Scientists deram um concerto mais divertido do que interessante e os !!! vieram da California para inaugurar aqui a digressão europeia onde vão mostrar o novo disco «Thr!!!er». O vocalista Nic Offer voltou a ser o rei em cuecas, ou calções de banho, conseguindo aguentar um considerável numero de fãs mesmo que nos fique a ideia que o balão criativo e original da banda se esteja a apagar neste novo disco.
Como as últimas impressões são aquelas que permanecem mais na memória imediata não há dúvidas em afirmar que o Super Rock Super Bock fechou em grande com o recital dos Queens of The Stone Age. Memorável.
Até para o ano Meco.
João Gonçalves
Comecemos pelo momento que marca este segundo dia de festival no Meco. A estreia de Miguel entre nós aconteceu no palco secundário EDP e apesar de ter atraído algumas dezenas de conhecedores foi ignorado pela grande maioria dos festivaleiros que nem fazem a menor ideia do que perderam. MiguelJontel Pimentel é um rapaz da Califórnia que vive um estado de graça no Estados Unidos da América muito devido ao seu mais recente disco «Kaleidoscope Dream» cheio de pérolas de R&B e nu soul. Para o leitor que ainda está na dúvida perante o artista aconselha-se uma rápida audição e visualização do videoclip de Miguel e Mariah Carey, «Beautiful». Miguel não acusou o toque de estar a actuar ali num canto secundário do Festival e entregou-se de corpo e alma a uma grande actuação acompanhado de banda que esteve à altura. Houve intensidade em «The Thrill» e «Use Me», houve diálogo, conselhos e uma grande vontade de ganhar mais seguidores. Um espectáculo excelente a cumprir as expectativas mais altas. Este pedaço de música negra pode ter aterrado aqui de surpresa mas será este o caminho para equilibrar alinhamentos órfãos de bandas de rock que entusiasmem de verdade. A estreia de Miguel em Portugal foi carimbada com um grande concerto e terá de ser mencionada como um dos grandes acontecimentos deste Super Rock.
Olhando para o palco principal em jeito de balanço podemos dizer que foi mais do mesmo com a honrosa excepção para o projecto de Mike Patton. Comecemos por aqui. Pelas 21h30 vemos Mike Patton em palco, o que é sempre positivo seja onde for. O concerto caiu ali como um ovni, os Tomahawk foram desconcertantes sob a batuta de Patton que enche o palco com as suas viagens improváveis que vão da passagem pelo discreto novo disco até temas mais antigos como «Laredo». Patton trouxe, finalmente, alguma irreverência a este Festival ao repetir em loop aos gritos a sequencia "Porra, caralho" que entrou pelas casas dos mais desprevenidos via SIC Radical. Outro bom reencontro com Mike Patton.
Antes, os Black Rebel Motorcycle Club tiveram que abrir a noite ainda com luz do dia o que retira muito ambiente aquele rock mais negro. Os norte americanos editaram um novo disco há pouco tempo e estão com energia renovada em palco. Quando regressam a canções de discos mais antigos há uma pequena reacção na plateia ainda pouco composta. Uma passagem pelo Meco descontextualizada mas que merece nota positiva pela entrega da banda.
Pelas 23h00 houve reencontro com os Kaiser Chiefs, presença habitual nos nossos festivais nos últimos anos pela garantia de entretimento puro. Continuam a viver dos trunfos todos que o disco de estreia deu a conhecer ao mundo. Há tochada no meio da plateia incendiada pelos clássicos da banda. Desta vez, Ricky Wilson não investiu em nenhum momento inesperado, limitou-se a descer ao fosso no meio do público e comunicou cantando concentrado nas câmaras de tv. São realmente banda de festival e nem precisam de sair do primeiro disco que é de 2005!
Depois de termos visto aqui há dois anos Brandon Flowers a actuar sozinho ficámos com a ideia que já não ia haver grande vida para os Killers. Afinal eles estão aí apesar de já não terem um single de sucesso há uns bons anos. A verdade é que foram eles a conseguir mais gente junto ao palco principal até agora e apoiados num espectáculo de efeitos visuais fortes conseguiram aquilo que poucos se podem orgulhar nesta edição: reacção massiva da plateia. Não sabemos explicar esta euforia à volta de uma banda que parece já ter dado tudo que tinha, mas dá para perceber que continuam em estado de graça como cabeças de cartaz. Um mistério.
Notas para outros momentos deste segundo dia no Meco que conheceu uma baixa no alinhamento, Ricardo Villalobos por doença. Samuel Úria brilhou no palco Antena 3 @ Meco com muita audiência e ainda teve tempo para cantar com Manuel Fúria e Manuela Azevedo que matou saudades a quem já há muito não ouvia os hits dos Clã.
Como se passa do universo dos Clã para o mundo de Miguel é uma arte que só é possível em modo de Festival!
João Gonçalves
Palco Super Bock
01h00 - The Killers
23h00 - Kaiser Chiefs
21h30 - Tomahawk
20h00 - Black Rebel Motorcycle Club
Palco EDP
00h15 - Miguel
22h45 - Clã
21h15 - Midnight Juggernauts
20h00 - Manuel Fúria e os Náufragos
Antena 3 @ Meco
Ricardo Villalobos - 03h30
João Maria - 02h00
Julien Bracht Live - 01h00
Henriq - 00h00
Miguel Neto - 23h00
Samuel Úria - 21h30
20h00 - Octa Push
Desde que o SBSR se mudou para este local o desafio da organização tem sido complicado. Por um lado melhorar as condições do recinto, por outro garantir um cartaz capaz de atrair público que não se importe com a localização nem as condições do evento, como foi hoje o caso dos Arctic Monkeys.
Alterações de relevo no recinto: o forte que abriga convidados e imprensa passou do lado direito de quem desce para o palco principal para o lado esquerdo e um pouco mais afastado do palco, há mais espaços verdes, e o palco EDP foi bastante melhorado em termos de visibilidade.
Hoje devemos ter tido mais gente no recinto do que em qualquer das noites da última edição e os responsáveis foram, sem dúvida, os Arctic Monkeys cujo nome aparecia estampado em dezenas de camisolas de festivaleiros. A vontade para ver a banda de Sheffield era tanta que os antecessores foram ignorados na prática pela plateia principal.
Pelas 20h30 as Anarchics aproveitaram muito bem a oportunidade de tocarem em tão luxuoso palco, o principal, e desfilaram o seu disco de estreia «Really?!» com garra e confiança satisfazendo os fãs e ganhando ali mais alguns admiradores. Um bom começo com assinatura portuguesa.
Ainda no reino feminino o Meco viu, finalmente, Azealia Banks subir ao palco depois do cancelamento no ano passado. Ainda esperamos o lançamento do álbum «Broke With Expensive Taste» mas já conhecemos singles dos EP's e são esses que são disparados por um DJ e dançados por duas bailarinas. Teve alguns momentos triunfantes como a passagem por «212», «Van Vogue», ou no fim quando explorou a remistura que ficou conhecida por Harlem Shake que tanta polémica deu com Baauer e que Banks fez questão de relembrar. A passagem de Azealia fica registada como não tendo sido brilhante, faltou público interessado, faltou química e faltou muito calor para justificar aquela falta de roupa de Banks. Mas deixou bons sinais para um regresso com público próprio.
Satisfeita que estava a curiosidade de ver como funcionava aqui a Azealia, partíamos para outro tipo de emoções. Nostalgia e recordação dos grandes dias dos The Smiths, tudo centrado na figura de Johnny Marr. Fomos para as primeiras filas sem oposição mas à medida que se ouviam clássicos notávamos que a indiferença da maioria da plateia era absurda. Marr está em boa forma e não só visitou o reportório dos Smiths como se aventurou pelo universo dos The Clash , «I Fought the Law» e dos Electronic, «Getting Away With It». O grande trunfo de Marr é que a sua voz consegue visitar estes diferentes estilos sem que ninguém estranhe o registo. De estranhar mesmo só a apatia do público perante tamanha figura do rock. Johnny deu um belo concerto mas poucos quiseram aproveitá-lo, o que foi pena. Ouvimos um desabafo em jeito de sabedoria popular «estão a dar pérolas a porcos». Era de voltar mas numa sala repleta de fãs. Ficamos a torcer pelo regresso.
Mas a ampla plateia que se juntou ao longo da noite estava ali para celebrar com os seus heróis de rock geracional e os Arctic não defraudaram as expectativas confirmando o excelente momento de forma que vivem. Puxaram dos seus sucessos durante hora e meia e visitaram o novo disco «AM» a sair em breve e cujas letras decoram o fundo do palco. Nota-se a influencia americana no penteado e vestimenta de Alex Turner, notam-se os desvarios rock ao gosto do «padrinho» Josh Homme mas há ali cada vez mais influências de Nirvana, muito baixo e guitarra. Tudo certo, os Arctic Monkeys parecem bem lançados para uma carreira rock como já não se usa. Motivação dos seus seguidores não falta. Foram os vencedores da noite voltando a repetir o sucesso que já tinham tido ali na passagem de há dois anos.
Ainda digno de nota no palco EDP nesta primeira noite foram os concertos dos Toy, os azarados da noite com um razoável atraso à espera das malas perdidas e perda de público para Johnny Marr, os Efterklang que em Dezembro encantaram uma sala do Cinema São Jorge hoje não conseguiram cativar muitos festivaleiros apesar do esforço da banda. O ex-Final Fantasy, Owen Pallett, cumpriu com o seu violino o propósito de aqui trazer o seu reportório mas também sem garantir muito público até ao fim.
Enquanto isso Mazgani triunfava na tenda Antena3@Meco perante muito público conhecedor da sua obra.
Fim de primeira noite, já com algum pó levantado, menos que em edições anteriores, mas boa afluência de público, muito mais do que em qualquer noite do ano passado, sem problemas de trânsito e com dois grandes concertos, o de Marr para os mais tradicionalistas e o de Arctic Monkeys para todos os que estiveram no Meco esta noite.
João Gonçalves
18 de julho
Palco Super Bock
01h00 - Arctic Monkeys
23h20 - Johnny Marr
21h50 - Azealia Banks
20h30 - Anarchicks
Palco EDP
00h10 - Toy
22h40 - Efterklang
21h10 - Owen Pallett
20h00 - Kalú
Antena 3 @ Meco
04h00 - Ben Klock B2B Marcel Dettmann
02h30 - Nina Kraviz
01h15 - Expander
00h00 - Freshkitos
23h00 - Kinetic
21h30 - Mazgani
20h00 - Trêsporcento
Noite de recepção
António Freitas convida Rockline Tribe
Nuno Calado B2B Miguel Ângelo
Rui Estevão e Señor Pelota
18 de Julho
Palco Super Bock – Arctic Monkeys, Johnny Marr, Azealia Banks, Anarchicks
Palco EDP – Efterklang, TOY, Owen Pallett, Kalú
Antena 3 @Meco - Mazgani, Trêsporcento, Nina Kraviz, Ben Klock B2B Marcel Dettmann, Expander, Freshkitos, Kinetic
19 de Julho
Palco Super Bock – The Killers, Tomahawk, Kaiser Chiefs, Black Rebel Motocycle Club
Palco EDP – Miguel, Clã, Midnight Juggernauts, Manuel Fúria
Antena 3 @Meco - Samuel Úria, Octa Push, Ricardo Villalobos, Julien Bracht LIVE, Joao Maria & Miguel Neto, Henriq
20 de Julho
Palco Super Bock– Queens Of The Stone Age, Gary Clark Jr., Ash, Miss Lava
Palco EDP - Digitalism DJ Set, Chk Chk Chk, We Are Scientists, Asterisco Cardinal Bomba Caveira
Antena 3 @Meco - Sam Alone and The Gravediggers, The Quartet of Woah!, Carl Craig, Josh Wink, Rui Vargas & André Cascais, Mary B
A regressada banda hip-hop estará a 13 de Julho no palco Optimus. Os Jurassic 5 estão de volta ao activo e novamente com o conhecido DJ Cut Chemist depois de seis anos de hiato. Outro nome para o Optimus Alive, os Stereophonics vêm apresentar o seu novo disco "Graffiti on the Train".
Mais a sul, no Meco os Black Rebel Motorcycle Club que acabam de editar «Specter At The Feast» regressam a Portugal depois de há três anos terem estado na Aula Magna. O concerto está marcado para 19 de Julho, dia em que também tocarão os portugueses Miss Lava.
Já confirmados para esta data estavam The Killers, Tomahawk, Kaiser Chiefs e Manuel Fúria. O festival começa dia 18 e termina a 20 de Julho.
Dia 18 de Julho é quando vamos ter pela primeira vez a actuar em Portugal Azealia Banks, nome confirmado para o 19º Super Bock Super Rock que este ano está a apostar muito forte no cartaz ao contrário do que aconteceu em 2012.
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