Regresso triunfal da banda de Berlim a Lisboa perante mais de 12 mil fãs que invadiram o Pavilhão Atlântico em tons de negro. Uma noite de celebração de música alta e pirotecnia.
Em 1995 editavam «Herzeleid» e dois anos depois surpreendiam na banda sonora de «Estrada Perdida» de David Lynch. Seis discos de originais depois, mais colectâneas e registos ao vivo, ou seja dezoito anos depois, os Rammstein já não precisam de agenda editorial para justificarem uma digressão e atraírem público.
Hoje a banda é já uma instituição dentro da música mais pesada e o historial de concertos espectaculares cheios de surpresas e fogo abrasivo são uma garantia de qualidade que só por si chega para chamar milhares de seguidores que querem repetir experiências anteriores. Hoje voltámos a ver um grande espectáculo em que cada tema tem direito a uma encenação diferente, com fortes jogos de luzes, um som brutalmente alto e as explosões e pirotecnias da praxe.
Não se pode falar em grandes surpresas, era tudo mais ou menos previsível mas impressiona sempre e resulta bem nesta espécie de musical industrial bruto e ardente. Não houve barco de borracha sobre a plateia, imagem de marca de algumas passagens anteriores, mas houve um momento que deixou o Pavilhão em suspenso. Foi quando um fã invadiu o palco e Till Lindemann lança chamas na sua direcção deixando o casaco do rapaz a arder. Por segundos pairou a dúvida, depois percebeu-se que as corridas do «fã» eram ensaiadas para fugir aos seguranças. Bem encenado.
Musicalmente o destaque vai para uma versão despida de «Mein Herz brennt» só com piano. Inesperada, merece destaque não necessariamente pelas melhores razões, aliás. De resto escutámos uma revisão da matéria dada ao longo destes anos que começou em «Ich tu dir weh» e passou pelas incontornáveis «Links 2-3-4», com marcha a condizer, «Du hast», «Ich will» acabando na polémica «Pussy».
Foram perto de duas horas de alta rotação ao nível dos decibéis e pirotecnia numa noite de consagração de um nomes do rock mais pesado que apesar das letras em alemão tem uma notável compreensão e aceitação da legião do pessoal da pesada.
Cerca de dez mil pessoas celebraram a estreia dos Black Keys em Portugal. O duo de Ohio não facilitou e aconteceu uma daquelas noites especiais que será recordada por muito tempo como a noite do grande concerto dos homens de «El Camino» em Lisboa.
Numa altura que começamos a conhecer as listas de melhores discos de 2012 das principais publicações musicais é curioso recebermos os autores do álbum que há um ano aparecia com unanimidade no topo das escolhas de críticos e leitores. Não queremos com isto dizer que os Black Keys chegam atrasados ao nosso país. Uma das grandes qualidades desse disco é que cada uma das onze canções é um single perfeito; seria possível ançarem um por mês e hoje o disco ainda estaria dentro do prazo de validade sem problemas.
O concerto funciona na perfeição porque Dan Auerbach (guitarra) e Patrick Carney (bateria) andaram uma década a trabalhar para chegarem a este nível e os seus fãs aguardam ansiosamente o encontro com a banda para poderem celebrar em conjunto a força de cada tema.
A maioria do público concentrou-se na plateia em pé, que apresentou moldura humana de respeito, e o ritmo intenso com que a dupla em palco desfilava a sua mescla de rock-indie-blues fazia transpirar os fãs contrastando com a noite fria e chuvosa que estava lá fora.
Muito curiosa a reacção e o contraste entre quem já acompanha a banda desde o disco de estreia «The Big Come Up» (2002) e os adeptos mais recentes dos tempos de «Brothers» (2010) ou mesmo do mais recente «El Camino» ou ainda daqueles que só os conheciam via «Tighten Up», canção que fez furor na versão do videojogo Fifa 2012. Os mais conhecedores reagiam logo aos primeiros acordes os menos esclarecidos disparavam nomes de outros grupos comparando estilos.
Destaque para dois dos que mais ouvimos ser referidos; The Doors ou Led Zeppelin na inevitável «Little Black Submarines». São boas comparações que a banda assume e só os valoriza mais, pois partir da base de tão ilustre influência para um cunho pessoal tão forte como os Black Keys apresentam é obra!
Para a noite ficar completa era obrigatória vermos danças parvas ao som do excelente «Lonely Boy». Vimos muitas. O espírito dos Black Keys foi de todo assimilado no Atlântico. Têm aqui uma porta sempre aberta para regressarem.
Voltando às listas, anotemos o concerto de hoje como um dos grandes shows do ano.
Em tempo de crise, J Lo teve direito a casa cheia. A noite foi de celebração da carreira da artista que apresentou um musical autobiográfico digno e satisfez os seus fãs.
Jennifer Lopez não é mulher de grandes digressões mundiais apesar de já ter editado sete discos desde 1999. Isto porque o seu campeonato não se resume aos palcos; a cartada é forte também no cinema onde tem uma sólida e premiada carreira como actriz. (e o que dizer de uma vida social que tantas manchetes socialites tem gerado). O sucesso além de lhe dar uma invejável fortuna lançou-a para áreas diferentes como a moda, cosmética e presenças como jurada em concursos populares de televisão à escala mundial. Tudo somado faz com que a sua opinião tenha peso quando se manifesta politicamente a favor de Barack Obama, por exemplo.
Em ano de revisão da matéria dada em termos musicais com o lançamento do best of «Dance Again...The Hits», título que dá o nome à digressão «Dance Again World Tour», Jennifer arrisca uma enorme produção mostrando ao mundo que também nesta área não fica atrás de outros grandes nomes do género.
Neste contexto arriscamos dizer que J Lo não será a melhor mas tem um espectáculo à altura da sua fama. Não tem a alma de uma Beyoncé, a genica de uma Rihanna, a qualidade vocal de uma Alicia Keys ou o jogo de cintura de uma Shakira mas tem consciência dos seus argumentos.
A grande qualidade de Lopez enquanto artista é ter sabido sempre rodear-se dos nomes certos que lhe garantiram êxitos importantes a cada single editado o que lhe dá margem de manobra para numa noite provar que ao longo de mais uma década tem dado importante contributo para a música pop mainstream. Enrique Iglesias, Taio Cruz, Marc Anthony, Selena, Fat Joe, P. Diddy, Ja Rule, Janet Jackson, Nas,Ludacris ou Pitbull são alguns dos tais nomes que têm elevado a marca J. Lo às zonas altas das tabelas de vendas.
Em Lisboa, J Lo desfilou todos os êxitos conhecidos em forma autobiográfica, com produção grandiosa onde, sem problema, assume o papel principal tanto a dançar junto dos seus bailarinos, namorado incluído, como isolada em momentos mais lamechas a relembrar as raízes de um Bronx aqui em tons glamorosos ou a faceta de mãe com direito a vídeo de estilo caseiro com os seus filhos gémeos. Sempre tudo com boa visibilidade graças a dois ecrãs gigantes laterais e um central no cenário do palco. De ritmo moderado, algumas pausas excessivas entre canções, não descurou a ligação com a plateia de onde tirou um cachecol de Portugal que exibiu bem ao alto e de letras direitas dando alguma dignidade cerimonial neste 5 de Outubro.
A plateia maioritarimente feminina, e produzida a rigor a desfilar muito salto alto no piso do Pavilhão, respondia ruidosamente aos guinchos estridentes de J Lo quando chamava pelos fãs; a minoria masculina não disfarçava o sorriso cúmplice nas muitas abanadelas de rabo (outro importante trunfo da marca J Lo, há que dizê-lo) com que Jennifer Lopez brindava o povo.
«Let's Get Loud», «Waiting for Tonight»,«On the Floor» com introdução de «Lambada» em «portunhol», «Goin' In» e «Dance Again» foram as canções mais festejadas e acabou por ser bonito ver o pavilhão ao rubro na recta final do concerto onde uma chuva de balões e confetis vieram ajudar ao triunfo da música sobre as preocupações da vida exterior.
Nota positiva para esta estreia ( se descontarmos a aparição na Luz em 2007 na cerimónia das 7 Maravilhas do Mundo ) de J Lo versão total em Portugal.
Lisboa teve o privilégio de ser a primeira cidade a receber o renovado muro de Roger Waters. Os fãs portugueses desprezaram a crise e esgotaram o Pavilhão Atlântico aprovando a versão revista e actualizada de The Wall.
Cerca de 16 mil pessoas em ambiente familiar provaram que The Wall é um dos discos mais transversais a todas as gerações da história do rock. Muito mais do que um simples concerto como se tinha visto em 2006 no Rock in Rio quando Waters apresentou The Dark Side of The Moon, The Wall é um autêntico musical vivido a três dimensões dividido em duas partes de uma hora cada com um intervalo de 25 minutos pelo meio. Uma experiência única que faz muito mais sentido para quem há três décadas viu o filme e ouviu os discos vezes sem conta.
Para os fãs dos Pink Floyd que passaram os anos 80 fascinados com a banda, esta noite terá sido emocionante não só por verem as imagens de marca em grande definição e dimensão como é o caso do exército de martelos, os insufláveis associados ao imaginário dos temas «Mother», «Another Brick In The Wall» ou o famoso porco voador mas também porque as mensagens genéricas à volta deste muro foram adaptadas aos dias de hoje sem grande esforço o que deve impressionar as gerações mais recentes.
É dificil eleger os melhores momentos da noite uma vez que as duas partes estão recheadas de momentos épicos. Musicalmente o destaque tem que ir para «Another Brick In The Wall» um hino que não vamos ouvir muitas mais vezes cantado na voz de Roger Waters, que por cá contou com a ajuda de um coro de 15 miúdos da associação cultural da Cova da Moura. Deliciados, espantaram o gigante professor insuflado.
Surpreendente a versão de «Mother» em que Roger Waters cantou em dueto consigo! Recuperou a sua interpretação de um concerto em Londres dos anos 80 que foi projectada em imagem e voz enquanto juntou a sua voz ao vivo resultando num belo momento.
Também «Goodbye Blue Sky» esteve à altura da grandeza como a maior parte dos temas tocados, diga-se. A excepção ficou para um solo absolutamente assassino que pintou o muro de azeite puro estragando o clássico «Comfortably Numb». A imagem do guitarrista no topo do muro todo erguido a abanar a cabeleira enquanto solava é coisa para alimentar pesadelos durante algumas semanas.
O musical segue a lógica de construção do muro durante a primeira parte que acaba com o clássico «Goodbye Cruel World» com Waters a espreitar antes de ser colocado o último tijolo no muro. O sistema de iluminação e projecção de imagens faz as delícias dos nossos olhos durante a segunda parte onde chega a dar a ilusão que os tijolos estão a cair várias vezes. É inesquecível a projecção de algumas partes do filme que dá nome ao espectáculo naquela tela gigante, chega mesmo a dar a ideia que estamos perante um ecrã cinematográfico.
Em 2011, The Wall continua a fazer sentido. Atira-se ao consumismo expondo mesmo algumas marcas de automóveis ou gasolineiras, lembra que a Big Mother passou a Big Brother e está de olho em nós, e não esquece a geração iPod mostrando palavras derivadas como iKill, iLose, iProfit.
É um excelente trabalho de actualização e uma produção majestosa que marca o regresso de Roger Waters aos palcos. Uma das bandas sonoras das nossas vidas ao vivo e a cores para que possamos dizer que 30 anos depois vimos o avião sobre as nossas cabeças a aterrar contra o muro acabando em chamas. Marcante hoje tal como tinha sido quando nasceu o muro de Waters.
Pena é que se passe uma vida e não consigamos ver por cá os Pink Floyd, ou o que resta deles, em versão conjunta. Já tivemos a banda sem Roger Waters, temos Waters sem a banda e até grupos de tributo que enchem salas... Talvez ainda aconteça, sabe-se lá o que está por detrás do muro.
Roger Waters dá hoje e amanhã início à digressão europeia de The Wall.
Ambas as noites no Pavilhão Atlântico se encontram esgotadas naquela que será a primeira apresentação de The Wall em 20 anos. No total são 30 concertos que assinalam o 30º aniversário sobre o espectáculo.
Tudo indica que esta será também a última grande digressão de Roger Waters, que actuou pela última vez em Lisboa no Rock in Rio em 2006. O palco já está montado desde a semana passada.
O concerto começa às 21h00 e dura mais de duas horas e meia. O Expresso avança que os alunos Associação Cultural Moinho da Juventude, da Cova da Moura vão acompanhar o músico no célebre refrão «Hey! Teacher! Leave them kids alone».
A ausência de Roger Hodgson não foi tão sentida como se poderia esperar e os Supertramp levaram ao delírio milhares de fãs que estiveram no Pavilhão Atlântico.
À partida, seria um pouco estranho assistir a um concerto de Supertramp sem a voz de Roger Hodgson. No entanto, a experiência não é tão bizarra como assistir à sobrevivência das bandas de Freddie Mercury (Queen) ou Jim Morrison (Doors), uma vez que Roger Hodgson nunca chegou a ser um líder assim tão carismático dos Supertramp. Alguns minutos depois, as canções resistem à mudança de timbre e com alguma boa vontade e muito saudosismo é natural que o público se entregue à celebração.
São cerca de duas horas para recuperar duas dezenas de músicas; na sua maioria são clássicos eternizados pelas «Renascenças« por esse mundo fora. A onomastia é automática na associação ao refrão: «Ain`t Nobody but Me», «Breakfast in America» , «From Now On» , »Give a Little Bit» , »It's Raining Again», «Take the Long Way Home», «The Logical Song» ou «Goodbye Stranger».
São apenas alguns exemplos de um alinhamento perfeito que resume na perfeição o sucesso dos Supertramp ao longo dos seus onze álbuns de originais, o último editado há 8 anos.
Tirando o «pormenor» das ausências de Roger Hodgson e Dougie Thompson que os nossos ouvidos estão treinados a identificar nas vocalizações dos discos de estúdio e ao vivo, a banda está bem representada pelo fundador Rick Davies, vocalista e teclista, contando ainda com os lendários John Anthony Helliwell, saxofone e sopros, e Bob Siebenberg na bateria. O concerto é um sucesso de bilheteira e fica imortalizado numa pen vendida no fim da noite que contém a gravação do mesmo. Uma iniciativa da mesma empresa que já tinha feito o mesmo na última passagem de Mark Knopfler por Lisboa.
A actuação termina com um encore irresistível que começa com «School», lembrando que hoje há regresso escolar, «Dreamer», e terminado em grande com «Crime of the Century», título que podia ser utilizado contra a banda caso este regresso tivesse corrido mal. Não correu, há reuniões bem mais criminosas.
Núcleo de Comunicação e Assessoria Mediática da Atlântico S.A. , empresa que gere o Pavilhão Atlântico, fez saber o seguinte:
"No seguimento das recentes notícias relativas ao espetáculo de Arcade Fire previsto para 18 de Novembro no Pavilhão Atlântico, a Atlântico S.A. informa que tendo em vista a realização da Cimeira da [NATO] a 19 e 20 de Novembro no Parque das Nações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros , através da Estrutura de Missão para a Cimeira da OTAN, informou a Atlântico S.A. e o promotor do espetáculo que poderão vir a ser impostas medidas de segurança na área envolvente, quer pela própria OTAN, quer pelas autoridades nacionais ".
"Neste contexto, as partes encontram-se atualmente a colaborar com vista a implementar medidas de contingência que permitam viabilizar a atuação dos Arcade Fire no Pavilhão Atlântico , na data prevista", pode ainda ler-se no comunicado.