Supertramp no Pavilhão Atlântico: O teu mal faz-me tão bem
A ausência de Roger Hodgson não foi tão sentida como se poderia esperar e os Supertramp levaram ao delírio milhares de fãs que estiveram no Pavilhão Atlântico.
À partida, seria um pouco estranho assistir a um concerto de Supertramp sem a voz de Roger Hodgson. No entanto, a experiência não é tão bizarra como assistir à sobrevivência das bandas de Freddie Mercury (Queen) ou Jim Morrison (Doors), uma vez que Roger Hodgson nunca chegou a ser um líder assim tão carismático dos Supertramp. Alguns minutos depois, as canções resistem à mudança de timbre e com alguma boa vontade e muito saudosismo é natural que o público se entregue à celebração.
São cerca de duas horas para recuperar duas dezenas de músicas; na sua maioria são clássicos eternizados pelas «Renascenças« por esse mundo fora. A onomastia é automática na associação ao refrão: «Ain`t Nobody but Me», «Breakfast in America» , «From Now On» , »Give a Little Bit» , »It's Raining Again», «Take the Long Way Home», «The Logical Song» ou «Goodbye Stranger».
São apenas alguns exemplos de um alinhamento perfeito que resume na perfeição o sucesso dos Supertramp ao longo dos seus onze álbuns de originais, o último editado há 8 anos.
Tirando o «pormenor» das ausências de Roger Hodgson e Dougie Thompson que os nossos ouvidos estão treinados a identificar nas vocalizações dos discos de estúdio e ao vivo, a banda está bem representada pelo fundador Rick Davies, vocalista e teclista, contando ainda com os lendários John Anthony Helliwell, saxofone e sopros, e Bob Siebenberg na bateria. O concerto é um sucesso de bilheteira e fica imortalizado numa pen vendida no fim da noite que contém a gravação do mesmo. Uma iniciativa da mesma empresa que já tinha feito o mesmo na última passagem de Mark Knopfler por Lisboa.
A actuação termina com um encore irresistível que começa com «School», lembrando que hoje há regresso escolar, «Dreamer», e terminado em grande com «Crime of the Century», título que podia ser utilizado contra a banda caso este regresso tivesse corrido mal. Não correu, há reuniões bem mais criminosas.
João Gonçalves