Os Foals regressaram a Portugal após uma rápida passagem pelo Festival Optimus Alive há dois anos e com um novo estatuto a defender. Não motivaram casa cheia e despacharam a viagem pelos três discos editados em menos de uma hora e vinte minutos! Houve momentos gloriosos e outros nem tanto. Saem com nota positiva mas esperava-se mais.
A banda inglesa liderada por Yannis Philippakis anda a baralhar-nos as voltas desde 2008. Ao fim de três discos editados não é fácil prever o seu rumo nem perceber se são mais eficientes a construir canções épicas como «Spanish Sahara» do segundo disco, se são melhores a criar delirantes sonoridades tão bem representadas no disco de estreia ou se são simplesmente uma banda talhada para assinar hits imediatos como é o caso dos recentes «Inhaler» ou, principalmente, «My Number» só por si responsável pela presença e angariação de novos seguidores, isto acreditando nas conversas que fomos ouvindo nos corredores do Coliseu.
Este concerto não serviu para tirar nenhuma destas dúvidas porque o grupo faz mesmo questão de ir a todas e o alinhamento é composto democraticamente por temas dos três discos com a maior fatia a caber a «Holy Fire», naturalmente.
Os Foals funcionam bem em palco, conseguem carregar aquela densidade que se nota em estúdio em algumas canções mas perdem um pouco de força ( era preciso tirar mais daquela bateria ) noutros momentos. O melhor exemplo foi a forma fugaz com que passaram por «My Number», esperávamos mais ao vivo.
A sequência «Providence», «Late Night» (inevitável não nos lembrarmos do videoclip), «Milk & BlackSpiders» e a soberba «Spanish Sahara», colocou os Foals num patamar superior convencendo o público que ficou no ponto para receber uma das canções mais badaladas de 2013, «Inhaler». Aqui lembramo-nos de Jane's Addiction e até de Rage Against the Machine guiados pelo falsete irrepreensível de YannisPhilippakis.
Um dia depois de terem editado o DVD do concerto no Royal Albert Hall, os Foals passaram por Lisboa com o seu concerto a seguir à risca recentes alinhamentos, cumprindo promessas mas deixando algumas dúvidas no ar. Para onde caminham? Não sabemos mas ficámos com a experiência de um espectáculo onde os momentos interessantes e bons foram superiores às desilusões.
A relativa curta duração do alinhamento também não caiu bem.
O último concerto desta digressão europeia dos Fat Freddy's Drop foi uma enorme celebração em Lisboa e nem o facto de ter acontecido numa noite de segunda feira impediu casa cheia no Coliseu dos Recreios!
Já vem de longe a empatia entre o público português e esta banda da Nova Zelândia. Nunca os vimos dar um mau concerto e o entusiasmo na plateia parece estar sempre a aumentar à medida que avançam as visitas ao nosso país. O facto de terem conseguido manter sempre a qualidade a cada disco que lançam ajuda muito nesta saudável relação.
Esta noite vieram mostrar «Blackbird», álbum editado este ano e que originou uma digressão europeia com salas esgotadas. A última noite aconteceu em Lisboa e apesar de terem seguido o alinhamento já conhecido de outras noites estiveram muito empenhados em proporcionar um excelente concerto. Referiram várias vezes que era o último concerto da digressão, tiraram fotos com a plateia em fundo, chamaram técnicos ao palco agradeceram a todo o staff e , acima de tudo, divertiram-se em palco divertindo os seus fãs com um belo espectáculo.
O prato forte foi mesmo o novo disco, já completamente assimilado pelos seguidores da banda que receberam com entusiasmo as primeiras três canções da noite, «Blackbird», «Russia» e «Clean the House». Depois um regresso às origens com a recuperação de «Cay´s Crays» e o excelente «Roady», ambas do primeiro LP «Based on a True Story». A partir daí voltaram ao mais recente disco e por aí ficaram.
O segredo do sucesso dos Fat Freddy's Drop em palco está na atitude com que atacam cada tema dando-lhes uma dimensão ainda maior do que acontece em estúdio. A base reggae e dub está lá mas facilmente galopa para um cenário dançável com batidas hipnóticas que colocam o público em transe ao longo de demorados instrumentais que explodem em rituais de pulos com o teclado certo ou a secção poderosa de sopros onde brilha o sempre irreverente Hopepa. É a mistura certa entre reggae, funk, jazz e techno que faz vibrar uma plateia dedicada à causa dos neozelandeses. Seja com a voz de comando de Joe Dukie, seja com a genica do MC Slave, uma espécie de oitavo elemento da família, seja só com instrumentais, todas as músicas têm um final feliz.
Foi a noite ideal para desfazer de vez esse mito urbano que diz que reggae e seus derivados é só para tempo de verão, sol, surf e praia. A noite era de outono e esta feliz mistura derivada de reggae/dub resultou na perfeição. Ainda passaram duas vezes por «Dr Boondigga and the Big BW», disco de 2009 e atingiram o auge com «Ernie» do primeiro LP numa versão irrepreensível.
É impensável que uma próxima digressão europeia não passe por cá.
A notícia vem do Facebook do clube de Santa Apolónia que cita um comunicado da banda. «Devido a circunstâncias imprevistas vamos cancelar a nossa digressão europeia», anunciam. Seria a segunda visita da dupla a Lisboa depois da estreia no Optimus Alive. Fica para a próxima.