A banda mais pedida pelo público português regressa finalmente a Portugal para uma actuação histórica no Optimus Alive'12: Radiohead! Os britânicos sobem ao palco dia 15 de Julho no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras.
Os bilhetes serão colocados à venda amanhã, quinta-feira, nos locais habituais, pelo mesmo preço do ano passado: 50 euros o bilhete diário e 99 euros o Passe de 3 Dias.
Devido a alteração da taxa do IVA, a partir de 1 de Janeiro de 2012 os bilhetes diários passam a custar 53 euros, enquanto os Passes de 3 Dias passam para 105 euros.
Quem desejar pode adquirir desde já o Fã Pack Fnac Optimus Alive'12, que inclui uma t-shirt oficial de oferta, a entrada exclusiva pela porta Fnac e a possibilidade de ser uma das 5 pessoas a encontrar um bilhete dourado que dá um acesso ilimitado ao Optimus Alive'12.
Até dia 31 de Janeiro estão garantidas as quantidades necessárias para proceder à troca por um bilhete diário para dia 15 de Julho.
Os 40 anos de carreira de Sérgio Godinho foram celebrados numa noite de regresso ao Coliseu dos Recreios em que desfilaram memórias de canções em versões actualizadas e novidades de um disco acabado de editar que testemunha a vitalidade de um nome maior da música portuguesa.
Teoricamente, um concerto de Sérgio Godinho na sala de espectáculos mais ilustre de Lisboa, em que se comemoram 40 anos de carreira na noite de ressaca de uma Greve Geral (que até obrigou a adiar este evento por uma noite) era motivo mais do que suficiente para termos um Coliseu esgotado. Infelizmente, a realidade é outra e a versão oficial será que a malvada crise afastou o público; curiosamente a Avenida da Liberdade apresentava um enorme movimento de carros e as esplanadas estavam cheias de «grevistas» a consumir shots. Citando o próprio, «Só Neste País»...
Com um contexto social tão agitado podia pensar-se que Sérgio Godinho quereria forçar a mensagem política mas prevaleceu a concentração no essencial: a música. Até porque estas canções já estão cheias de dicas, criticas e observações pertinentes que cada vez nos soam mais actuais como é o caso de «A Vida É Feita de Pequenos Nadas», «Arranja-me um Emprego», «Liberdade», «Etelvina» ou «Só Neste País», que mereciam mais introspecção da plateia e menos palminhas parolas e precipitadas.
Godinho prometeu dar nova vida ao seu repertório de sempre e apresentar canções menos conhecidas do novo álbum. Cumpriu e conta com a preciosa ajuda dos Assessores que formam uma forte banda com ricos e bem trabalhados arranjos. Também houve tempo para ver o cantautor sentado na boca de palco em formato individual e acústico acompanhado da sua viola e rodeado da Roda de Choro de Lisboa. Sentiu-se a falta de Bernardo Sassetti na negra como a noite «Em Dias Consecutivos» mas depois uma impressionante sucessão de hinos mais e menos recentes deixou o Coliseu rendido à genialidade de «Parto Sem Dor», «Balada da Rita», «Dancemos no Mundo», «Coro das Velhas» e o «O Primeiro Dia».
Pelo meio, Godinho tirou discretamente o retrato da nação à sua boa maneira, curto e conciso: «Ora vivemos em euforia, ora vivemos em depressão. É este o país reconhecido pelas Nações Unidas». Frase que ilustra na perfeição o jeito com que inteligentemente filtrou canções de vinte discos editados e conseguiu agradar a todos.
A recta final foi épica com a recuperação de alguns dos seus temas de marca registada:«O Elixir da Eterna Juventude», «O Homem dos Sete Instrumentos» e «Com um Brilhozinho nos Olhos» que facilmente servia para descrever o rosto da maioria do público que a seguir abandonou o Coliseu.
Aos 66 anos Sérgio Godinho mostrou que podemos contar com ele para nos ajudar a pensar através da sua maneira única de falar cantando as nossas preocupações. Assim queiramos ouvir e perceber mais do que aplaudir e conformar.
A minha juventude andou muito à volta do "Alchemy". O meu objectivo de vida a meio dos anos 80 era ir a Madrid ver o concerto da Brothers in Arms Tour. Sabia as letras de cor, imitava os solos no quarto de raquete de ténis na mão fazendo os sons com a voz. Os discos dos Dire Straits até ao "Alchemy" eram um dos meus bens preciosos. Mas tive que esperar pelo último álbum da banda para conseguir assistir a um concerto. Ou melhor ao primeiro concerto. Em Alvalade cumpriu-se um objectivo de vida, ver Dire Straits ao vivo numa noite inesquecível. Felizmente que no mesmo ano de 1992 recuperei tempo perdido e repeti a presença no concerto de Faro. E assim começava uma longa história de testemunhar concertos liderados por Mark Knopfler. Após o fim dos Dire Straits mantive a admiração por Knopfler e tenho acompanhado sempre a sua carreira a solo comprando todos os discos que tem feito. Gosto da maneira como fez a transição já anunciada em "On Every Street" para a folk/blues/country e naturalmente tenho estado presente nos concertos que tem dado em Lisboa nesta sua segunda vida. Em Cascais, no Pavilhão Atlântico duas vezes, no Campo Pequeno duas vezes. No total até este ano já tinha visto Knopfler a tocar sete vezes. A última até foi uma desilusão , apesar da brilhante interpretação de Telegraph Road que salvou essa noite, portanto a motivação de o voltar a ver brevemente até arrefeceu.
Só que de repente leio que o homem vai estar em Londres a fazer a primeira parte de um concerto de Bob Dylan! Vem logo à lembrança o disco "Slow Train Coming" de Dylan editado há mais de 30 anos onde Knopfler tocou guitarra e a produção que Mark fez no álbum "Infidels" de Bob Dylan em 1983. Havia grande probabilidade de ver as duas figuras a tocarem juntas no mesmo palco por isso levantou-se a possibilidade de um regresso a Londres para testemunhar este raro momento.
Dias de férias disponíveis, voos em conta, hotel acessível e a operação começou a ganhar forma. Compra online de bilhetes para o concerto e começava assim a aventura de passar uma noite na capital inglesa na companhia de Bob Dylan e Mark Knopfler.
Aproveita-se o fim de semana, comprei bilhetes para a última de três actuações que foi na segunda feira e ainda se aproveitou para no dia a seguir ir de combóio a Manchester ver o Benfica mas isso fica para outras paragens.
Foi a minha estreia a ver um concerto em Londres. A sala escolhida foi a bonita Apollo HMV em Hammersmith já na zona 2 do metro. Quando aqui se discute que os preços dos concertos em Lisboa são puxados fiquem a saber que em Londres este concerto tem como bilhete mais barato 65£ que dá para comprar um passe para um Festival por cá. E outros concertos que sondei andavam sempre na casa das 50£.
Os concertos por lá começam cedo, este arrancou às 19h30. O acesso à sala é fácil com as filas sempre a andarem bem e o papel recebido no mail na altura da compra serve como entrada sem nenhuma complicação, lê-se um código de barras e estamos dentro da sala. O hall é bonito mas a chegada à plateia (em pé) é arrepiante. Sei que acabo de entrar num local que recebeu 38 concertos em 21 noites no auge dos Beatles no fim dos anos 60, por onde passou Johnny Cash, onde actuaram grandes nomes do jazz no inicio da década de 60, onde os Dire Straits tocaram com Eric Clapton e podia estar aqui horas a referir as históricas actuações de David Bowie ou Metallica e discos ali gravados. É um local histórico que ia voltar a produzir história e desta vez eu estava ali para testemunhar.
O espaço da plateia em pé é amplo e a descer e tem aquelas barras horizontais que vai separando a multidão como se via nos estádios ingleses antigos. A plateia superior é imponente, lugares sentados com uma arquitectura clássica de onde se destacam os grandes cortinados vermelhos escuros nas paredes e no palco. A espera pelo concerto de Knopfler valeu para tirar o retrato visual a um espaço tão mítico. Vende-se cerveja com álcool dentro da sala mas paga-se bem, 4,25£ por uma pint Carlsberg!
O concerto de Knopfler andou perto daquilo que se viu em Lisboa no ano passado. A mesma formação em palco com 3 Dire Straits a tocarem juntos (contando com o líder) e um alinhamento mais curto mas que só contempla duas passagens pelos Straits; "Brothers in Arms" e "So Far Away" já no encore. O destaque vai para um tema inédito muito bom em estilo blues que poderá ser do próximo álbum. O mais impressionante é que costumamos ouvir que o público português é o melhor do mundo e que todos os artistas adoram aqui tocar mas o que eu vi em Londres deixou-me sem grandes dúvidas. No caso de Mark ele mostrou uma simpatia e um gozo muito maior nesta noite do que nas últimas passagens por Lisboa. A plateia sem ser eufórica sem recorrer às parolas palminhas a compasso consegue criar um excelente ambiente só reagindo mesmo no fim de cada música e percebe-se que estão a gostar muito sem serem histéricos. Afinal Mark Knopfler continua em grande forma e expressa alegria naquilo que faz, tocou sempre de pé e gosta de retribuir todo o carinho que recebe da plateia londrina.
Falemos de Bob Dylan. Na mesma altura que os Dire Straits vinham a Portugal houve um concerto do americano no desaparecido Pavilhão do Dramático de Cascais. Na altura desprezei o momento tal como já tinha feito com a visita dos Rolling Stones. Era tudo malta já velha e acabada que não me interessava ver. Hoje posso dizer que já vi 3 concertos dos Stones e gostava de repetir e que entretanto já tinha visto até este ano o senhor Dylan em Vilar de Mouros e no Alive e gostei de ambos apesar de mal ter visto a cara da lendária figura. Esperava que agora em Londres a postura não fosse muito diferente. Mas afinal descobri um Dylan que aos 70 anos mantém a sua imagem impecável de chapéu à cowboy e a portar-se como um autêntico frontman. Esboçando alguns sorrisos com as reacções entusiasmadas da sala, atrás das teclas ou sozinho com a harmónica, descobri mesmo um "novo" Dylan. Talvez o verdadeiro que conheço de leituras de artigos da Uncut ou Mojo.
E a surpresa maior foi perceber que "Leopard-Skin Pill-Box Hat" abre o alinhamento com a presença de Knopfler ao lado de Dylan. Arrepiante de tal maneira que arrastei a minha mulher para as primeiras filas!
Seguiu-se "It's All Over Now, Baby Blue" e "Things Have Changed" com Dylan a comandar e Knopfler a tocar tornando aquele palco em algo de mágico.
Depois ficou só a banda de Dylan mas o ritmo nunca baixou, sempre em ambiente muito bluesy foram desfilando canções que agitavam a muito grisalha plateia. Até que chega uma esmagadora versão de "Highway 61 Revisited". Que enorme momento!
E sem facilitar seguiram-se "Desolation Row", "Thunder On The Mountain", "Ballad Of A Thin Man", "All Along The Watchtower" e aquele que poderia ter sido o momento máximo da noite: "Like A Rolling Stone". Só não foi porque para o final ficou guardado o pedaço de história que me orgulho de apresentar: pela primeira vez nesta digressão Mark Knopfler entrou em palco para cantar com Bob Dylan. Até ali Mark só tinha tocado mas para finalizar esta série de concertos veio cantar ao lado de Bob "Forever Young". Título acertado e minutos históricos que assisti arrepiado. Felizmente que há o youtube para partilhar convosco um pouco disto que expliquei nesta crónica.
Já estão disponíveis para compra as reedições de dois dos melhores discos da história da música portuguesa, Movimento Perpétuo e Guitarra Portuguesa de Carlos Paredes. A editora Drag City já os exibe no seu site
Rian Murphy dirige a Drag City, uma das editoras chave da música independente americana dos últimos 20 anos, casa de Will Oldham, Bill Callahan, Joanna Newsom ou Scout Niblett. Ao telefone desde a cidade americana, começa por explicar que, nos últimos anos, a editora tem investido em reedições. Dá exemplos: um álbum a solo de Mayo Thompson, líder dos Red Krayola, outro do obscuro cantautor folk Gary Higgins, uma compilação da banda punk inglesa Big Flame. Conta, de seguida, o episódio da chegada ao seu escritório de caixas com as reedições mais recentes. “Parecia um sonho. ‘Uau! Estes discos estão na Drag City!’ São tão especiais. E agora temos a oportunidade de falar deles, de fazer com que sejam ouvidos”. Os discos são “Guitarra Portuguesa” e “Movimento Perpétuo”, os dois primeiros álbuns de Carlos Paredes.
Os canadianos Simple Plan vêm pela primeira vez a Portugal apresentar o mais recente álbum, "Get Your Heart On", num concerto no Coliseu de Lisboa, dia 11 de Março do próximo ano. Na primeira parte actuam os norte-americanos We The Kings.
Os Buraka Som Sistema atingiram a maturidade absoluta com um novo concerto de intensa celebração da vida.
Centenas de palcos, milhares de audições e outras tantas milhas aéreas tinham que ser mais do que um anexo no currículo ainda precoce mas rico dos Buraka Som Sistema. Só assim se explica que um espectáculo novo soado tão maturado. Estreá-lo no Coliseu dos Recreios foi um risco calculado que produziu resultados ao nível das mais exuberantes produções que passaram pela mais bela sala lisboeta.
Houve festa e daquelas que ficam guardadas no disco rígido daqueles que celebram a vida. O conceito de «Komba» foi extrapolado para o palco e os Buraka Som Sistema concretizaram o seu momento supremo de maturidade. Classificá-los como uma banda portuguesa mestiça é pouco para quem atingiu uma dimensão internacional incomparável com a restante selecção nacional.
O esqueleto abanou com as canções de apelo intenso rítmico que articuladas em formato DJ, com passagens, não permitiram descanso. A aparição de Sara Tavares no sensualíssimo «Voodoo Love» escapou a esse trânsito corpórea que arrancou com «Komba» e só terminou numa versão acelerada de «All Night Long», de Lionel Richie.
Quem não soubesse que o espectáculo estava a ser estreado - novas canções, vídeo e luzes - não diria que de uma primeira vez se tratava. Mas foi e se tal é possível, é devido à proficuidade dos Buraka Som Sistema desde que nasceram há pouco mais de seis anos. São eles os embaixadores de uma cultura periférica portuguesa que resiste às más notícias e se mantém acordada a noite inteira. Enquanto houver «(We Stay) Up All Night» a «Hangover» vai ser menos dolorosa.
No Coliseu, atingiram a maturidade absoluta. A deles, porque têm em mãos um belíssimo álbum suportado por um concerto pujante e a do público que soube pôr em prática a mensagem.