A grande entrada do Bailarico Sofisticado em Sines 2010
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Na praia, o concerto das 19h30 é especial. Mistura de ritmos tradicionais do povo Fataluku, clássicos da resistência, reggae, rap, funk e rock, Galaxy é o grupo mais importante da música moderna timorense e faz a sua estreia portuguesa e europeia em Sines, com o alto patrocínio da Presidência e do governo de Timor-Leste.
Uma das maiores “cantaoras” da história do flamenco, par de Manuel Molina no duo mítico Lole y Manuel e no arranque do movimento Novo Flamenco, Lole Montoya apresenta no FMM o seu projecto a solo, no Castelo, a partir das 21h30. “Metáfora”, o seu disco mais recente, nomeado para um Grammy latino, é a base do alinhamento. Estreia em Portugal.
Às 23h00, o maliano Cheick Tidiane Seck, o maior teclista da música africana, além de um excelente cantor e guitarrista, junta-se a Mamani Keita, uma das melhores vozes do seu país, numa fusão entre as raízes mandingas e a música afro-americana, do jazz à música soul e ao hip-hop. O disco “Sabaly” (2008) é o ponto de partida do espectáculo.
Às 00h30, o Castelo recebe, mais do que um concerto, um acontecimento. Formado por músicos de rua paraplégicos, o grupo congolês Staff Benda Bilili, Prémio Womex 2009, é uma das grandes revelações da música africana da última década. Considerado o grupo do ano pela revista Songlines, apresentam em Sines as canções de “Très Très Fort”, o melhor disco editado em 2009 na opinião das publicações de referência fRoots e Mojo. Estreia nacional.
A apoteose de Staff Benda Bilili prolonga-se no palco da praia. Depois de ter acolhido nomes como Black Uhuru feat. Sly & Robbie, The Skatalites e Lee ‘Scratch’ Perry, o FMM prossegue a sua história ilustrada do reggae, às 02h30, com U-Roy, o expoente máximo do “toasting”, o estilo artístico de DJing que o colocou entre os grandes da música da Jamaica.
Ainda na praia, às 4h00, o projecto luso-angolano Batida, nascido no seio da Radio Fazuma, leva a dança até ao sol nascer. O milagre mais recente da produção afro-lusitana, Batida traz para o século XXI a melhor música angolana dos anos 60 e 70 e proporciona o encerramento perfeito para o 12.º Festival Músicas do Mundo.
No dia em que (finalmente) chego a Sines é este o programa das festas:
Sexta-feira, dia 30, a música começa com Kimi Djabaté, às 18h00, no Castelo. Um dos artistas emergentes do circuito das músicas do mundo, o cantor e guitarrista guineense sobe ao palco com o disco “Karam” na mão para demonstrar por que está a conseguir colocar a Guiné-Bissau na 1.ª divisão do panorama competitivo da música de tradição mandinga.
Responsável por “Music Maelström”, um dos discos surpresa de 2010, a jovem artista francesa Dorothée (que tem no anagrama The Rodeo o seu nome artístico) apresenta, às 19h30, no palco da praia, uma reinterpretação muito pessoal da grande tradição musical norte-americana.
Às 21h30, no Castelo, o guitarrista nova-iorquino Dan Kaufman e a sua banda Barbez, formada em 1997 por músicos com um percurso no jazz, no rock e na música clássica, oferecem um espectáculo com música de ambientes nocturnos que busca inspiração em referências tão diferentes quanto Kurt Weill, Black Sabbath e Godspeed You! Black Emperor.
Considerada a melhor artista asiática nos prémios da BBC Radio 3 em 2008, Sa Dingding é uma das vozes mais importantes da música chinesa contemporânea com raízes na tradição. O álbum que a traz ao FMM, “Harmony” (2009), centra-se na relação entre os homens e a natureza e junta as raízes chinesas com a música electrónica. A descobrir a partir das 23h00.
Os tuaregues malianos Tinariwen hipnotizam o Castelo às 00h30. Superando Bob Dylan, Animal Collective e Grizzly Bear, entre outros, para conquistar o prémio da revista Uncut para melhor disco de 2009, “Imidiwan”, a mais genial banda do deserto do Sahara faz a síntese entre as músicas da África Ocidental e do Magrebe, o rock e os blues.
A noite continua às 02h30, na praia, com mais uma estreia nacional. Formado por quatro músicos brasileiros a viver em Nova Iorque, o grupo Forro in the Dark abriu os horizontes do forró nordestino, cruzando-o com o dub, o indie rock, o funk e outras músicas para produzir um som que já é um fenómeno global. O disco “Light a Candle” (2009) é o prato forte.
Às 04h00, o palco da praia encerra com o trio de DJ’s português Bailarico Sofisticado, conhecido pelos seus “sets” eclécticos, onde as músicas do mundo dialogam sem complexos com outras vertentes da música popular, numa presença que é já habitual nas noites de dança do FMM. A DJ Selecta Alice é sua convidada em 2010.
Partilho aqui o concerto que adquiri com a "pen MK" no fim da noite no Campo Pequeno.
A qualidade do som é fantástica vale bem o download para quem quiser recordar ou para quem não teve oportunidade de estar presente:
Na quinta-feira, 29 de Julho, o concerto vespertino do Castelo (18h30) traz-nos tango. O quinteto argentino 34 Puñaladas regressa a Sines para apresentar “Bombay Bs.As.” (2009), um dos discos do género mais aclamados dos últimos anos.
A seguir, com o sol ainda a pôr-se no horizonte, o público desce à praia para ouvir o finlandês Wimme. Revelação dos “charts” europeus de música do mundo em 2010, com o disco “Mun”, o “joiker” Wimme Saari e o seu grupo transportam para o palco da Av. Vasco da Gama o poder xamânico do canto do povo Sami, num concerto marcado para as 20h00. Estreia nacional.
A segunda noite de música no Castelo arranca às 22h00 com uma grande diva das músicas do mundo. Considerada uma das melhores cantoras do Médio Oriente, a israelita Yasmin Levy promove o encontro entre a música de tradição judaico-espanhola e o flamenco. O repertório do seu último disco, “Sentir” (2009), estará em evidência.
Às 23h30, é a vez de uma aposta do FMM 2010, o projecto de fusão N’Diale, onde o quarteto do violinista Jacky Molard, um dos maiores músicos bretões, se junta ao trio da cantora maliana Founé Diarra num espectáculo acústico de excelência. O disco de estreia, que tem o nome do projecto, foi lançado em Março, e será a base do espectáculo. Mais uma estreia em Portugal.
À 01ho0, sobe ao palco uma banda que marca a música popular dos últimos 35 anos. Grupo de vanguarda do pós-punk e, numa segunda vida, fundadores do movimento alt-country, os britânicos The Mekons são conhecidos pelas suas grandes apresentações ao vivo e este concerto já deverá trazer canções do seu 27.º disco, a lançar nos próximos meses.
Como de costume, a música acaba na praia, às 03h00. Do Texas para o mundo, Grupo Fantasma, a mais subversiva orquestra latina da actualidade, “versão séc. XXI do groove latino” (Boston Globe), faz a festa com a sua mistura explosiva de “latinidad”, jazz, funk e rock psicadélico, bem patente no seu quinto disco “El Existencial”, que editaram em Maio. É a primeira vez que actuam em Portugal.
Aqui fica o programa para o primeiro dia de Sines:
Vitorino e Janita Salomé com Grupo de Cantadores de Redondo (Portugal), Castelo, 18h30
Cacique’97 (Moçambique / Portugal), Av. Vasco da Gama, 20h00
Nat King Cole en Espagnol (EUA / Cuba / Portugal), Castelo, 22h00
Las Rubias del Norte (EUA), Castelo, 23h30
Céu (Brasil), Castelo, 01h00
Novalima (Peru), Av. Vasco da Gama, 03h00
Foto: Vanessa Krithinas (cotonete)
Passagem tranquila por Lisboa de Mark Knopfler para promover o recente disco «Get Lucky» correspondendo às expectativas de um Campo Pequeno quase cheio em noite quente de verão onde os Dire Straits não foram esquecidos.
Mark Knopfler está a duas semanas de completar 61 anos de vida por isso chegou a hora de tocar sentado na frente do palco recebendo cada guitarra trocada com carinho e dedilhando num estilo só seu. Não deixou de ser surpreendente vê-lo no banco pela primeira vez.
Recuando no tempo, em 1992 o mesmo Knopfler passeava por um placo gigantesco perante um estádio lotado com mais de 60 mil fãs lisboetas. Eu já não era uma criança mas vibrei como nunca ao ver finalmente os Dire Straits. Mark já estava farto da banda e aquela era a última digressão deles.
Ainda tive um bónus em Faro uns meses mais tarde para um concerto inesperado a meio de Agosto. Terminavam ali os Dire Straits. Depois Mark veio em nome próprio ao nosso país várias vezes: cascais em 1996, pavilhão atlântico em 2001, repetiu o Atlântico em 2005, Campo Pequeno em 2008 e hoje regressou ao mesmo local. Puxei esta crónica para a primeira pessoa do singular propositadamente para que possa contextualizar o leitor na ideia que esta noite vimos um concerto simpático mas já muito longe das actuações mais energéticas de outros anos.
Não é só o facto de já não vermos Mark a passear pelo palco desafiando os outros músicos com a sua guitarra, agora limita-se a trocar olhares, é a densidade das músicas terem descido todas ao ritmo mais lento da folk / blues como o alinhamento, baseado em canções da sua obra a solo, pode comprovar. A excepção é «Telegraph Road» que com estes excelentes músicos, entre eles três Dire Straits contando com Mark, ganha uma dimensão soberba com todos os seus altos e baixos. Foi o grande momento da noite.
As outras passagens pelo repertório Straits não teve surpresas. As escolhas foram os habituais temas «Romeo & Juliet», «Sultans of Swing», «Brothers in Arms» e «So Far Away». Qualquer um deles com muito menos chama do que Mark nos habituou em passagens anteriores.
Quanto às canções da sua obra nenhum reparo a fazer, fabulosos arranjos e grandes interpretações para «Speedway at Nazareth», «Border Reiver» (que abriu a noite), «Hill Farmer´s Blues» ou «Marbletown», sempre em ambiente bebido entre blues, celta, folk e country.
E é este o caminho que Mark irá continuar a seguir deixando parecer os anos dos Dire Straits cada vez mais longínquos e inacessíveis.
O respeito que tem pelo público e a competência com que continua a fazer discos e a tocá-los ao vivo garantem-lhe sempre casa cheia em Lisboa que o receberá sempre de braços abertos. Mesmo que já não se despeça da plateia ao som do «Local Hero Wild Theme» trocando-o por «Piper to the End».
Acima de tudo temos o privilégio de ver Knopfler a saber envelhecer em palco e por isso é sempre bem vindo.
Ontem por volta da meia noite os roadies desesperavam com o calor e refugiaram-se nos autocarros que estavam todos ligados com ar condicionado criando um barulho que chamava a atenção a quem passava lá perto
Regressa o sultão do swing a Lisboa para apresentar o seu mais recente disco "Get Lucky" já na parte final da primeira metade desta digressão que anda agora pela peninsula ibérica.
Não se esperam novidades, apenas uma noite para recordar a boa música dos Dire Straits e da já bem recheada carreira a solo de Knopfler.
Aliás, há uma novidade que é sinal dos tempos modernos. Hoje quem quiser levar para casa o concerto pode comprar no fim da actuação uma "pen" por cerca de 25€. Tem 1Gb e cada música vem em formato MP3 com qualidade de 320kBit/s e pode ser comprada nos locais de venda de artigos. Mais informações em simfylive
O alinhamento que vamos ter mais logo não deve fugir muito ao apresentado no último domingo em Córdoba:
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