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Grandes Sons

Um pouco de música todos os dias. Ao vivo, em vídeo, discos, singles, notícias, fotos. Tudo à volta do rock e derivados.

Grandes Sons

Primal Scream @ Razzmatazz, Barcelona

(foto: underscore-web)

 

Quando saiu a notícia de uma tour dos Primal Scream a interpretar ao vivo o Screamadelica, com um número reduzido de datas em 2010 nalguns países da Europa e posteriormente acrescentadas algumas mais sobretudo no Reino Unido e na Austrália, imaginei exactamente isso: uma reprodução em directo, com versões mais longas, digressivas, dos temas da obra prima.

Por isso, o que aconteceu no sábado à noite num Razzmatazz nao esgotado mas repleto e rendido desde o primeiro momento, sem ter sido completamente inesperado, foi bastante surpreendente.

 

Quem, como eu, não tinha a mínima ideia do que acontecera em Madrid na noite anterior, uma actuação que começou quinze minutos antes da hora - e quem no defunto e fugaz festival de Arcos de Valdevez viu Mani anunciar o cancelamento do concerto do grupo, sabe como isto é insólito - nao esperava, em vez de um concerto, ver dois. E ambos excelentes por sinal.

Dois conjuntos de canções, portanto. O primeiro, um set de 8 canções a percorrer alguns dos principais êxitos e, de passagem, praticamente toda a sua discografia original pós Screamadelica, abrindo com o portentoso “Accelerator”, seguido de “Country Girl”.

 

À terceira música, às primeiras notas de “Jailbird”, a sala explodia numa celebração que acabaria, ao fim de uns 40 minutos, com um “Rocks” cantado em uníssono e em diálogo com um frágil mas enérgico Bobby Gillespie. Depois, viria um intervalo de 15 minutos que em realidade durou quase 20 anos, o tempo de voltar ao disco de 1991. “Movin’ on up”, o gospel, a voz feminina, os teclados de Martin Duffy, Mani entusiasmado e ainda mais cómodo do que no rock da primeira parte, mas sobretudo excelentes interpretações, demoradas e recreadas, de depressão como em “I’m coming down”, quase hipnose como em “Slip inside this house” ou o intimismo de “Shine like stars”.

 

O final apoteótico, com a sequência de “Higher than the sun”, talvez o momento mais alto da noite para mim, “Loaded” e um “Come together” novamente a uma voz com o público, como um hino, confirmou essa noite como absolutamente memorável.

 

À conversa, já na rua - houve, para mim, mais que um reencontro nessa noite - ficou um leve desconsolo pela ausência de outros temas (como "Kowalski", incansavelmente pedido ao meu lado) mas também a certeza que, perante uma actuação tao rotunda  aquele final, dificilmente poderia ter sido de outra forma que não aquela. Talvez a surpresa tenha sido essa: uma noite triunfal para lá da transposição para o palco de um disco intocável.

 

 

Novo relato de Tiago Romeu (já tinha partilhado connosco o concerto de Afrocubism) em Barcelona a assistir a um concerto muito especial de Primal Scream que fica aqui retratado com um enorme agradecimento. E uma pontinha de inveja.

Afro-Cubism @ L'Auditori Moderna (Barcelona)

 

Sala grande do Auditori de Barcelona a sensivelmente três quartos da sua capacidade, quase cheio portanto para recebê-los, no âmbito do Festival de Jazz de Barcelona.

Como explicar, portanto, o concerto de ontem de Afrocubism? Talvez confirmando um indício que já nos dá o próprio disco, e que de resto foi a base do reportório ao vivo ao longo da pouco mais de hora e meia que durou: Afrocubism nao é fusão de coisa nenhuma, nem o concerto foi o de um grupo de músicas malianos a tocar música maliana junto a um grupo de cubanos a tocar música cubana.

É outra coisa. Aliás, é o mesmo de sempre, é uma mesma música desde o princípio dos tempos e parece é que a distinção entre os estilos de cada um dos lados do Atlântico foi posterior.

 

Dito de outra forma, parece que tanto uns como outros tocam o mesmo - criam o mesmo - mas que se calhar ao Grupo Pátria e a Elíades Ochoa sempre lhes faltou o balafón de Lassana Diabaté ou o n’goni de Bassekou Kouyaté, por sinal as duas maiores figuras solistas do concerto de ontem. Ou que a Toumani lhe completou um pouco mais a viola de Elíades, reencontrada em momentos como o diálogo do extraordinário "Guantanamera" ou a cançao final do concerto “Voy a vivir a la luna”, antes da longuíssima ovação de pé e do contundente encore com “Benséma” e “Para los pinares se va Montoro”.

 

Essa união, essa mesma música original que é mais do que a junção de reportórios tradicionais malianos e cubanos, viu-se no concerto como uma cerimónia de celebração. Viu-se na entrada de mãos dadas entre Toumani e Elíades, na introdução do concerto pelo maestro cubano dizendo que não há barreiras linguísticas quando todos falam o mesmo idioma universal, a música, ou a sua confissão, antes do final, que se queria instalar na lua e que Toumani, quando soube da ideia, disse que iria com ele junto com os demais malianos. Mas sobretudo viu-se no decano (mas em excelente forma) Kassé Mady Diabaté acabar a cantar Benséma entre dois percussionistas do Grupo Pátria, no diálogo entre os bongos e as congas de Jorge Maturell e o tambor de Baba Sissoko ou na solene recepção geral ao solo de kora num dos poucos momentos em que Toumani Diabaté saíu da sombra, da retaguarda na qual esteve durante todo o concerto.

 

No final, enquanto aplaudíamos e dezenas ainda dançavam quase em cima do palco, eles abraçavam-se, saudavam-se entre eles e prometeram regressar aqui, voltar a estar com a “família”. As palavras até são do Elíades Ochoa, nao sao minhas.

 

 

Agradeço ao Tiago Romeu, amigo do Twitter e residente em Barcelona, a partilha da sua experiência numa noite passada com o projecto Afro-Cubism que andou por Espanha mas ninguém por cá se lembrou de os trazer até Portugal.

«It`s Everybody`s Bizness Now», Nobody`s Bizness



Se o nome da banda não faz soar nenhuma campainha no leitor mas suscita curiosidade, fique desde já a saber que o disco em análise pertence a gente lusitana que ousa mostrar o seu amor pelos blues e pelo jazz.


Para quem frequenta espaços lisboetas como o bar Catacumbas no Bairro Alto, o nome Nobody`s Bizness não é estranho uma vez que a banda já anda a espalhar a sua magia há uma década com inúmeros concertos. Pelo meio, foi editado um álbum ao vivo em 2005 gravado na Capela da Misericórdia em Sines com versões de temas dos seus heróis: Lonnie Chatmon, Robert Johnson ou Willie Dixon. Se tivessem ficado por aí seriam um segredo precioso de um restrito número de fãs sempre prontos a comparecer nos seus concertos.

 

Felizmente arriscaram e foram para estúdio tentar captar em disco toda a energia e emoção trazida dos palcos, o seu habitat natural. O risco de gravar em estúdio clássicos de Willie Dixon, William Broonzy ou o lindíssimo «I Want a Little Boy» (Murray Mercher/Billy Moll), por exemplo, já era elevado mas fazer um disco de doze temas sendo que só metade são versões e a outra metade são composições originais é uma autêntica proeza. O maior elogio que se lhes pode fazer é que quem não dominar o mundo dos blues e for ouvir as doze canções de seguida sem informação adjacente não consegue distinguir os velhos clássicos das canções originais porque estas são muito boas. A aposta é claramente ganha.

 

O segredo dos Nobody`s Bizness está na química perfeita entre a encantadora voz de Petra Pais e a vocalização convincente de Catman que também recorre com mestria à indispensável harmónica. Alternam o papel principal e secundário com equilíbrio e são apoiados pelas guitarras dos irmãos Ferreira que nos obrigam a ouvir várias vezes os mesmos temas com o volume bem alto para descobrirmos e nos deliciarmos com todos os pormenores que saem daquelas cordas de banjo e guitarra eléctrica. Luís Oliveira no baixo e Isaac Achega no bateria pautam todo o ritmo com tanta eficiência quanto discrição.

O álbum chama-se «It`s Everybody`s Bizness Now» e o título não podia ser mais feliz já que é disso mesmo que se trata. O segredo bem guardado destes portugueses a reencarnarem o espírito blues está agora à vista e ao alcance de todos em versão revista e aumentada com as suas canções originais a merecerem atenção e destaque em grande escala.

 

 

Nobody`s Bizness
«It`s Everybody Bizness Now»
Edição de Autor

 

in Disco Digital

 

(podem confirmar tudo o que leram a seguir logo à noite no Maxime com os vossos próprios olhos e ouvidos)

Nobody's Bizness no SAPO: Agora eles são o assunto de toda a gente

Histórico!

 

A partir de hoje, a música dos The Beatles está disponvel no iTunes, o programa através do qual os proprietários de iPods, iPhones ou iPads podem comprar e/ou armazenar ficheiros áudio e vídeo. Durante três décadas, a Apple Inc (a empresa fundada em 1976 por Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne) e a Apple Corps (fundada em 1968 pelos The Beatles, detentora dos direitos sobre as músicas do quarteto de Liverpool) travaram uma batalha legal devido à sua designação comercial. As empresas chegaram a acordo em 2007.

Passatempo: Ganhe convites para ver os Nobody's Bizness

 

O Disco Digital tem três convites duplos para o concerto de apresentação do álbum de estreia dos Nobody's Bizness. «It´s Everybody Bizness Now» é estreado no Maxime na próxima quinta-feira, 18 de Novembro.

Para se habilitar a um dos convites, basta enviar um mail para discodigital@mail.telepac.pt com a seguinte frase: «Quero ver Nobody`s Bizness com o DD».

As respostas devem incluir nome e bilhete de identidade.

Só deve participar neste passatempo quem estiver de acordo com os termos definidos.

Para ver os termos de participação no passatempo, clique aqui.

Interpol no Campo Pequeno: Nas Brumas da Memória

(foto: Manuel Lino - IOL Música)

 

Pouco mais de um mês depois de duas noites em Coimbra, os Interpol regressaram a Portugal mas desta vez para um concerto em nome próprio perante os fãs que quase encheram o Campo Pequeno.


Os Interpol já representaram o revivalismo pós-punk em pleno século XXI; já foram a grande esperança da música indie, já estiveram na banda sonora da geração Morangos com Açúcar, já foram a última grande aquisição de uma editora gigante e agora são apenas os Interpol de volta às suas raízes albergados pela mítica editora Matador.

 

Ao fim de quatro discos e oito anos de vida, Paul Banks, vocalista e guitarrista, Sam Fogarino na bateria e Daniel Kessler, guitarrista, são os resistentes desde a estreia e lideram a banda em palco parecendo terem encontrado o ponto de equilibrio certo entre a imagem séria e sombria e a felicidade de ainda tocarem as suas músicas para os fãs que ficaram após tantos avanços e recuos.

 

Saiu o baixista Carlos Denger mas os Interpol ficaram a ganhar com a experiência de David Pajo e o reforço Brandon Curtis nas teclas. A actuação correspondeu às expectivas atingindo momentos bem altos com descargas fortes de decibéis nos temas «Take You on a Cruise», «Lights» e «Stella Was a Diver and She Was Always Down», tocados curiosamente na parte final deixando perceber que a noite foi sempre a somar.

O alinhamento nem andou muito à volta do mais recente disco privilegiando os três primeiros, causando natural euforia aos primeiros acordes de canções que os fãs identificavam com facilidade nas cordas de Bnks ou Kessler.

 

Foi uma noite de sombras - já se sabe que os rapazes pautam a imagem por fatos escuros - pouca luz, e modelo estático em palco apenas destoando o irrequieto Daniel Kessler com movimentos dançantes únicos.

Como a plateia também não foi muito exigente os Interpol cumpriram sem problemas mais uma passagem por Portugal e nem as ausências de «The Heinrich Maneuver» ou «Evil» parecem ter incomodado quem esteve esta noite no Campo Pequeno.

Missão cumprida na bruma, portanto.

 

jjoaomcgoncalves@gmail.com

 

in Disco Digital

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