O FMM chega ao Castelo de Sines. O espaço mais emblemático do evento recebe a partir desta noite concertos até ao próximo sábado. Programa para logo a partir das 21h:
TRILOK GURTU BAND Índia
Depois de ter dado aquele que muitos consideraram o melhor concerto do FMM2006, o percussionista indiano Trilok Gurtu regressa a Sines para abrir música no Castelo com uma super-banda e a nata dos seus melhores discos do séc. XXI: “Remembrance” (2002), “Broken Rhythms” (2004), “Farakala” (2006) e “Arkeology” (2006).
BELLOWHEAD Reino Unido
Eleitos melhor grupo e espectáculo de 2007 nos Folk Awards da BBC Radio 2, os Bellowhead são a maior revelação da folk britânica no século XXI. Com uma riqueza tímbrica e harmónica nunca antes ouvida na música tradicional inglesa, o seu disco “Burlesque” (2006) é já considerado um dos mais importantes de sempre no género.
OUMOU SANGARÉ Mali
Uma das mais celebradas e internacionais cantoras africanas de sempre, a maliana Oumou Sangaré vem ao festival para mostrar o seu cruzamento de ritmos “Wassoulou” com funk, rhythm n’ blues e afrobeat. A sua voz de timbre excepcional oferece-nos canções onde o tema da emancipação feminina é uma dominante.
Lisboa tem fado, todos sabemos disso. Nem sempre nos lembramos é que a capital tem uma belíssima casa que é o Museu do Fado e que fica ali às portas do histórico bairro de Alfama. Ontem à noite o Pequeno Auditório do Museu encheu para acolher a apresentação de uma jovem, e promissora fadista que dá mostras de querer dar continuidade à interpretação do fado tal como ele sempre foi.
Fábia Rebordão tem 22 anos e não é uma desconhecida do público, a sua passagem pelo programa da RTP1 Operação Triunfo ficou na memória dos muitos que agora a encontram totalmente concentrada no fado. Isto depois de ter passado pelo elenco de «My Fair Lady», musical de Filipe La Feria em 2003, e de ter experimentado as áreas da soul, do jazz, blues, e até opera.
A aposta agora vai para o fado, e com acerto, pois Fábia Rebordão, impecavelmente vestida pela estilista bracarense Elsa Barreto, é senhora de uma poderosa voz já bem trabalhada que canta com convicção, e emoção os clássicos «Cuidei que tinha morrido», de Pedro Homem de Mello/Alain Oulman, «Fado Tamanquinhas», de Linhares Barbosa/Carlos Barbosa, «Madrugada de Alfama», de Amália Rodrigues/David Mourão Ferreira, ou mesmo «O Homem na Cidade» de Ary dos Santos.
Um serão muito agradável passado no Museu do Fado a lembrar que Lisboa é fado, e continua a ter jovens talentosas fadistas.
Ainda que por uma noite hoje acontece o meu regresso à rádio. Meio ano depois do fim do projecto Química não pude recusar o generoso convite que a dupla fascinante do Boa Noite e 1 Queijo me fez. É um prazer voltar à conversa com a amiga Lia, e tentar fazer o lugar de Ana Martins (ausente em Chicago) e passar alguma música a partir das 22h na Rádio Zero. Depois ficará disponível em podcast.
A partir de hoje o Festival transita de Porto Covo para o Centro de Artes de Sines.
- às 21h30, actua Marcel Kanche. Letrista, compositor, guitarrista e dono de uma magnífica voz de barítono, é uma figura muito especial da música de França. Entre a chanson française, o jazz e o rock experimental, a poesia nocturna do disco “Vertigue des Lenteurs”, de 2006, recebeu elogios entusiásticos da imprensa do seu país e internacional.
- pelas 23h00, espaço para as bascas Ttukunak. Usado há 2000 anos como meio de comunicação no País Basco, a “txalaparta” tornou-se com o tempo num complexo instrumento de percussão. No Centro de Artes de Sines será tocado por duas irmãs gémeas, Maika e Sara Gómez, as Ttukunak, que aliam à tradição basca ritmos de todo o mundo e muita improvisação.
A fechar o primeiro fim de semana do Festival, nesta primeira fase a decorrer em Porto Covo, novamente muito público no recinto para festejar mais músicas do mundo. O bom tempo da véspera manteve-se nesta noite de domingo e foi com agrado que os Djabe foram acolhidos na abertura da 3ª noite do FMM Sines 2007.
Vindo da Hungria, os Djabe desfilaram uma fusão de jazz, com ritmos das raízes magiares envolvendo tudo numa tendência rock. Funcionam bem em palco porque são grandes músicos com particular destaque para Tamás Barabás no baixo sempre bem acompanhado por trompetista, e guitarrista na frente do palco. Podemos falar de jazz do centro da Europa bem acolhido em Porto Covo.
A segunda proposta da noite era especialmente aguardada. Um músico português voltava ao palco, depois da abertura dos Galandum Galundaina, e criava expectativas. Falamos de Rão Kyao que se juntou a Karl Seglem, conceituado saxofonista noruguês, para um projecto entre músicos de diferentes nacionalidades mas unidos na genialidade da arte dos instrumentos de sopro. Foi uma estreia interessante, está prometida a passagem para disco do resultado desta parceria, e que além de entusiasmar a plateia em alguns momentos, deliciou os músicos que não escondiam o gozo, e o prazer que estavam a ter nesta sua passagem por Porto Covo. A recta final da actuação foi especialmente entusiasmante, em constraste com alguma excessiva calmaria que marcaram grande parte do concerto. Missão cumprida com aplausos para a dupla e a banda que os acompanhou.
A fechar o domingo a primeira explosão rítmica a sério da edição deste ano. Estava a ser uma noite relativamente calma em termos sonoros até que os Haydamaky tomam conta das operações. Entrada a matar com fusão ska - punk tocada por um grupo de personagens castiças onde pontifica Olexandr Yarmola, líder, vocalista, e flautista destes agitadores ucranianos. Instalaram a festa em Porto Covo e a plateia não demorou a aderir à dança que o «Ska dos Cárpatos» exigia. Foi a gastar a energia que ainda nos restava deste primeiro fim de semana que encerrou a 3ª noite do Músicas do Mundo de Sines 2007. A festa continua até sábado.
A segunda noite de festa no recinto de Porto Covo do Festival de Músicas do Mundo de Sines trouxe agradáveis melhorias climáticas. O vento frio da véspera desapareceu, e o povo compareceu ainda em maior número para conhecer mais três propostas de sons do mundo.
Foram mais de 2 mil espectadores que vibraram com a actuação da cantora maliana Mamani Keita. Hora e meia de pura magia africana servida por uma voz capaz de fazer sorrir o mais sisudo, e que dá alma no cruzamento do som hipnótico vindo do n'goni de Moriba Koita, e a guitarra eléctrica do francês Nicolas Repac.
Um concerto que deve figurar entre os favoritos dos que acompanham o Festival, e que chama a atenção para o disco de 2006 «Yelema».
Antes de Mamani Keita a noite abriu com uma proposta entre o jazz, a funk e o soul, com Don Byron, clarinetista mundialmente conhecido, a comandar uma trupe de excelentes músicos; Dean Bowman, David Gilmore, George Colligan, Brad Jones, Rodney Holmes. Juntos contagiaram o público com o seu som funk que chegou a passar pelo legado de James Brown. A âncora da actuação foi naturalmente o disco «Do the Boomerang» do ano passado, e esta passagem por Sines foi bem conseguida, e aproveitada por todos.
A fechar a noite estiveram os os Deti Picasso, uma banda arménio-russa que não conseguiu convencer, e em comparação com a qualidade do que já se tinha ouvido até ali fica a perder de caras. Por falar em caras, diga-se que a figura da vocalista Gaya Arutyunyan até ajuda a concentrar a atenção com os seus movimentos exóticos, e uma bela voz, mas a nível musical os Deti Picasso descambam para algo que poderia ser proposta musical da Rússia ao Festival da Canção. Foram os menos interessantes de uma noite que vai ficar na memória como a noite de Mamani Keita.
Sexta-feira à noite arrancou em Porto Covo a 9ª edição do Festival de Músicas do Mundo de Sines. Esteve muito público presente no recinto para receber as primeiras três propostas deste ano.
A honra de abertura coube aos portugueses Galandum Galundaina que não demoraram a instalar o clima de festa que caracteriza estas noites alentejanas todos os anos por esta altura. A tarefa não era fácil já que se sentia um vento frio pouco próprio do verão, mas os sons dos Galandum conquistou a primeira plateia do FMM. A juntar à música, dança, e linguagem das Terras de Miranda, tivemos direito a uma fabulosa actuação de pauliteiros ao som de modas, rimances, e danças de roda.
Não podia ter sido melhor a estreia no palco de Porto de Corvo.
Funcionou muito bem a actuação de Darko Rundek, carismático vocalista, e compositor croata que comandou com classe os músicos da Cargo Orkestar oriundos de vários países onde se destacou um luso descendente que chegou a cantar em português. Destaque total para a figura misteriosa da violinista que com os seus longos cabelos brancos e movimentos enigmáticos concentrou a maior parte da atenção.
Começaram a meio gás, mas numa actuação em crescendo acabaram em alta rodagem, deixando boas recordações.
A fechar a primeira noite os ritmos da savana. Os Etran Finatawa (estrelas de tradição) são um grupo de músicos de dois povos nómadas do Níger, wodaabe e tuaregues.
Foi um fim de noite muito bom entregues às guitarras eléctricas, as percussões e vocalizações harmoniosas dos Etran Finatawa que ficaram no ouvido de todos os que testemunharam a estreia das Músicas do Mundo de Sines 2007.